segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Artistas querem oportunidade e reconhecimento

Foto: Jhonas Araújo

A pintura de rua é um dos elementos pitorescos da cidade de Salvador. Os pintores de rua ajudam a colorir a cidade e atraem a atenção de turistas e naturais do lugar. Sua arte, às vezes ingênua, às vezes sofisticada, é base de sobrevivência e traço cultural que merece apoio.

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Esse apoio, porém, nem sempre é concedido. Ao contrário, esses artistas desconhecidos do grande público enfrentam, muitas vezes, dificuldades para expor sua arte e fazer seu comércio.

A reportagem teve ocasião de conversar com alguns deles, que ficam na rua Gregório de Matos, no Pelourinho. É ali, no espaço que homenageia o Boca do Inferno, que se concentram, em maior número, os pintores de rua.

Perfil dos artistas

Os entrevistados eram todos maduros. Não havia jovens entre eles. Sua aparência era modesta. O humor variava entre reservado e comunicativo. Dentre eles, três concordaram em falar um pouco sobre sua experiência.

O que dizem os artistas

Bel Cica, 46 anos, há 20 anos trabalha no Pelô, sempre com pintura. Vende o suficiente para viver de sua arte, e seus compradores são pessoas do mundo todo. Sua atitude é reservada. A muito custo, explica que um órgão da administração não permite que os pintores dêem entrevista, pois já houve matérias desfavoráveis ao trabalho desenvolvido por ele. Perguntada qual era o órgão, Bel Cica não quis revelar.

Nery, 52 anos, trabalha há mais de 20 anos no Pelourinho. Começou a trabalhar com pintura sobre tela em 1975. Antes, trabalhou como escultor em madeira. Por causa da lentidão do trabalho e da dificuldade de distribuir suas obras em madeira, ele começou a trabalhar com tela.

Os principais motivos que aparecem em de seu trabalho são as coisas da Bahia, como a puxada de rede e o candomblé. Nery é bem mais falante e aberto que sua colega. Ele diz que há 20 anos a área em que ele trabalha foi ocupada pela prostituição, e os artistas trabalhavam depois do largo onde fica a casa de Jorge Amado.

Pedro Leão, 40 anos, que sempre trabalhou na rua, começou a vender sua pintura na frente do Shopping Barra. Há dois anos está no Pelourinho. Ele diz que a atual administração da prefeitura de Salvador ajudou à permanência de pintores no Pelô. Antes, eles eram reprimidos e retirados do local, tendo de trabalhar em outros lugares.

O trabalho de Pedro e focado em questões políticas e sócias. Além de trabalhar com tela, ele pinta camisas e faz pintura em vinil.

O que falta?

Depois da revitalização da área, as atividades culturais foram valorizadas, e a vinda de turistas favoreceu o comércio de arte. O público que mais compra seu trabalho é constituído de estrangeiros. Para eles, o principal problema dos artistas de rua é a discriminação. Falta a eles oportunidade e reconhecimento profissional.

A lei e a arte

A Lei nº 5.503/99 (Artigo 52, Paragrafo 2º), que esta publicada no site da SUCOM , diz que o Poder Publico pode estabelecer espaços para a realização dessa atividade. Hoje, os espaços já cadastrados pelo poder público para essa atividade são:

• Pelourinho
• Mercado Modelo
• Farol da Barra

A vida e a arte

O contato com esses profissionais, ficou a impressão de pessoas dedicadas à arte que preferem enfrentar dificuldades a buscar outro meio de vida. Talvez nunca cheguem às grandes galerias, nem recebam a homenagem dos críticos, mas são pintores. São artistas que desejam mostrar sua arte e querem apenas respeito e oportunidade de vê-la apreciada e reconhecida.

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